segunda-feira, abril 02, 2007

Uma teia de emoções,
trepadeira pungente na ausência do jardim.

Há uma folha de papel em branco
e barro de tez canela,
há fios de ouro a pentear o rio,
há noites estilhaçadas
de onde acordo numa torrente de cor.

Da janela recente mergulho.
Para trás um súbito desabar,
o pó que me envolve e me tosse.
a caveira do amor
e escuro e frio.

Escrevi um prelúdio para orquestra.
Senti nas cordas do violino todo o tempo afinar
um vento de flauta embalando o olvido
um sussurro contralto que do silêncio me acordou.
Da janela recente mergulho.

Vai-me envolvendo uma teia de palavras.
Numa folha branca um perfume primaveril,
mármore e beijo.
A janela é um sorriso alado.

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