quarta-feira, novembro 21, 2007

A contemplação do frio
entrando como proprietário pelas frinchas das janelas.

Quando o peso dos cobertores me soterrar
só conseguirei distinguir a ausência
da janela...
...e nela a anuência.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Três poemas ingénuos:

I

No meu sonho
suponho
que me dás a mão
sem indiferença.
Com a diferença
que ponho
neste sonho
de antemão.


II

Há quem não saiba onde por
amor
o preto no branco dos trilhos.
Que soltem os gritos incontidos -
os nossos filhos
coloridos
não distinguirão a nossa cor.


III

Gosto de andar nu pela casa
a ler poemas que gosto.
A dimensão da poesia:
despojada e despudoradamente universal.
Estou cansado da brutalidade das horas
do genocídio dos dias.
Esta noite abriga-me na crueldade
obriga-me ao vazio
ao nada
ao não pensar
ao nem-sequer-sentir.

Como este banco à minha frente
em que já nem vejo se alguém se senta.