sábado, agosto 25, 2007

Um fotograma preso nos dedos
projectado numa espuma de ausência e silêncio.
As paredes vazias. Uma sala escura de prata.
Ausência e silêncio derretidos. Quero ampliar a imagem
das imagens que quero.

Quero resgatar-te à ilha que habitas, quero
filtrar-te nas rodófitas dispersas, quero fotografar-te
numa expiração sôfrega, quero o ponto de fuga geométrico
da luz que exalas, quero a perspectiva do encontro em retrospectiva,
no aquário da câmera que seguro e que aponto para ti,
nas bolhas de ar ansioso do beijo enquadrado que quero.

Folhas ainda vazias.
Trazes-me numa ondulação suave
porque tudo em ti é mergulho.

Acabo por me perder ao mergulhar-te.
E sou uma crinaça
embevecida por uma explosão de cores.
Descubro uma expressão,
um sono, um acordar, um sorrir ao dia.
Descubro um tom cobre
de electricidade nos fios dos teus cabelos.
Descubro um sinal
num canto secreto que eu desvendei.

Trazes-me de volta sem fôlego -
quero um beijo para voltar a mergulhar.

22-08-2007 (ao acordar...)

terça-feira, agosto 14, 2007

Pintando-te de canela
toda uma onda a mergulhar-te...

Nua, és metamorfose de sal -
um labirinto minóico onde invento asas
com que sobrevoo toda a tua estrutura dunar.
Absorvo, de súbito, o sol -
mas já me abres uma onda que recebo,
todo um mar onde mergulho e bebo.

terça-feira, agosto 07, 2007

Desenhamos em grafite mais um Cadáver Esquisito:
eu e eu num mesmo quarto com iluminações distintas
convergimos para um mesmo veio toda a contemplação da Terra -
um mesmo grito.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Puxo os pelos da minha barba
para conversar com o tempo -
o meu ar é o hermético de um ímpio,
mas amo e sofro
enquanto puxo os pelos da minha barba.