quinta-feira, maio 10, 2007

Queria correr por este areal nu,
vestir de ondas o mar
e na doçura redonda destas mulheres
plantar especiarias eróticas.

Mergulho na ausência e no silêncio.
Só. Tão só.
Mas não se ergam as vozes -
venham em surdina com nádegas e seios e suor
e dancemos as correntes e ondas desejadas
como faz o vento quando chega.

Venham então colher promessas de plantas exóticas
e venham com os raios quentes da alegria
correr nuas comigo -
como faz o vento quando parte.

05-05-07
Uma sombra na manhã
Uma névoa densa no sono
Um pomar de ideias
regado de vinho e insaciedade
ébrio de insanidade
é noite ainda poema que anseio.

quinta-feira, maio 03, 2007

Nestas árvores desfolhadas
houve um dia homens que a Primavera trouxe.
Eram pássaros mas não voaram.
Tinham um canto de sangue,
derramado até ao grito
num sussurro proscrito nessa madrugada.

Foi um dia que foram anos.
Foi um silêncio e foi um voo denso,
um céu de asas que dissipavam nuvens -
todo o nevoeiro do tempo.

Eram homens que foram pássaros
e voaram.
Era um silêncio que foi um grito
e pássaros que enfim puderam ser homens.

Foi um dia e foram anos.
Hoje, no Largo do Carmo,
as árvores estão vazias -
não há sinal de homens
nem de pássaros.

06-02-2007 (Enquanto esperava, sentado, no Largo do Carmo)