quinta-feira, maio 03, 2007

Nestas árvores desfolhadas
houve um dia homens que a Primavera trouxe.
Eram pássaros mas não voaram.
Tinham um canto de sangue,
derramado até ao grito
num sussurro proscrito nessa madrugada.

Foi um dia que foram anos.
Foi um silêncio e foi um voo denso,
um céu de asas que dissipavam nuvens -
todo o nevoeiro do tempo.

Eram homens que foram pássaros
e voaram.
Era um silêncio que foi um grito
e pássaros que enfim puderam ser homens.

Foi um dia e foram anos.
Hoje, no Largo do Carmo,
as árvores estão vazias -
não há sinal de homens
nem de pássaros.

06-02-2007 (Enquanto esperava, sentado, no Largo do Carmo)

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