terça-feira, maio 22, 2012

Os pássaros arvoram não ter
passos nos espaços entre folhas
filhos que sustentem a quebra das asas
casas que protejam os ninhos.

Seguem em caminhos longe.
Não voltam para hoje.

18-5
Sair.
Entrar.
Sair escorraçado.
A circunstância a que me obrigam.
Porque eu chego para ficar,
eu bato à porta,
limpo os pés,
cumprimento os donos da casa,
mas não sei porquê incomodo,
não sei porquê olham-me de lado,
não sei porquê não sabem o meu nome
e sou aquele
um outro chama-me o outro
e aquele que ali está,
não sei se o dono da casa
se o dono da tarde,
aquele não me olha,
aquele não me chama.

Por isso,
educadamente,
mato-o hoje.
Não vais,
eu sei,
sair à noite para parar a cidade.

Longe
eu ao frio do calor da greve
e tu na solidão da casa que abandonas,
longe,
nós não assim tão longe,
mudamos cadeias distantes,
usamos fórmulas apartadas.

Energia é massa na distância
e o tempo seca-nos a história.
A noite é o que a luta me pede
e, amor,
a noite é lutar sem ti.

22-3