quarta-feira, janeiro 02, 2008

Por ver-te olhando-te
de te ver tocando interrogações
reclino-me um pouco, torto
para te ver tocando-te
absorto
as mil vezes minhas mil inquietações.

Posso-te ver negando-te
tragando massas surumbáticas
desejando-te tocar-te, até um ponto
em que me ver desejando-te
(tonto)
acorda as mil vezes minhas mil texturas enfáticas.

Por não te olhar, mas vendo-te
trago um desgaste pioneiro
que te fere e sara, exangue
por te ter desejando-te
enfim o muco, o suco, o sangue
as mil vezes minhas mil vezes tuas por inteiro.
Rua lembrada de uma ruga
os seixos, os septos, sensus,
marcas, ondas, abruptas inclinações -
deambulações.

Não cesse o alargamento das margens
e que o tempo ondeie semimovente
subtilmente lânguido
como conchas, ou coxas
que desejasse ter lambido.

Venha o corpo estonteante
e que se esconda das passadeiras
quem se hipoteca sem depressões -
não havendo hipótese de vertigem
de que servem, desdobrados, os colchões?

A Natureza desconhece linhas rectas...