quinta-feira, março 28, 2013

Ode num triângulo de Malevich

Nem tão branco e negro
nem tão quadrado
porque a geometria não sabe a palavras
(o poema nem de métrica perece)
e a tinta dos poetas
é apenas o fogo das inquietações.
O corolário das revoluções
é isósceles
em triangular meneio -
e quando se move
(porque sempre se move)
desenha o cilindro
que tem dentro o sonho a andar.


domingo, março 17, 2013

Hesito
incólume e nu
entre o no no que foi
e o no que será.

Repito
um vem
e jamais repito
nem hesito
se no pano que está
insone e cru
não responder
a um até já.

quarta-feira, março 13, 2013

Digo para mim que sim
contra o contra que me insónia
e da mão estendida não
tiro força que me faça
nem confiança que me torça
nem anéis na minha história.

Menos coroa que corei
Menos sono que sonhei
Menos chuva que queimei
Menos tempo a cada dia que passa.

Digo para mim que nada
tudo é tudo tutoria
e pelo pelo que me escava
nem o sono sonoriza
nem em concreto se concretiza
o papel que me ardia.
Gosto de castelos de areia
e de beijar o vento que beija
moinhos de vento
e de ser fugaz
partir sem foz
voltar sem tempo
e saber que ninguém me espera
antes do toque que já noto
subtilezas de copo
o cheiro que me queiram
gosto que me levem ao silêncio
e que brinquem comigo ao ócio
para depois ondular em magmas
e gosto que omitam o meu nome
e de ser segredo
tecer cedendo
o sono de sair
gosto de me lembrar
gosto de me lembrar
preciso
prossigo
persigo
gosto de gostar
e de passar o nó das ruas
como fumo
na tatuagem disinibida
suada
que o desenho de sair
exala.

quarta-feira, março 06, 2013

Talvez um dia eu te procure.
Virás sozinha de culpa num corpo tão magoado
e sob o trajecto da mutilação do tempo que demora a noite a fazer efeito
Talvez entre nós o silêncio nos resuma.

Eu sigo.
Já segui a matemática das palavras e a noite para acordar.
Canto a desordem e já assumi que sigo de cada vez que caio.

Talvez um dia oiças falar de mim.
Seria um bom sinal
ainda que correspondesse à manutenção do péssimo hábito que as pessoas têm de falar do que não sabem.
Nem podem saber porque elas não nos viram quando nos beijámos e dissemos adeus.

Talvez faça sentido eu te encontrar agora virada ao sol.
Foste três em cada palavra e por isso eu nem te procure.

Não me encontres também.
Despedaça-me num uso de memória e volta só quando for tarde.
Até lá a noite consente que finja sentir saudades da música que cantámos.