terça-feira, fevereiro 19, 2013

Felina na vaporização do ensaio
fogo no cabelo
abstrata no roço
lânguida no olhar
dá-me a mão gelada de medo
dá-me a tua mão gelada
e água
e uma casa de vinte e três segundos
dá-me a palma da tua mão
dá-me a tua mão suada
um sonho de encontro
hipótese de voz a exigir a minha voz
eu de nuca
quando olho és cheiro
nunca
sempre fogo
dá-me a tua mão
dá-me o desenho da tua mão
e uma cidade no meio
glúteo e omoplata do mundo
planalto musical
dá-me a tua mão pintada
dá-me o fogo na tua mão ao natural.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

Não me aguento
custa-me o pó
não aguento
sair nem estar
o sinal menos
fazer o que houver
perder
estar tão só
com as infiltrações
do passado
não aguento
ouve!
no que houve
não aguento
parar
para não fazer
calar
calcar a vontade
de mais
de somar
de não esquecer
não aguento
suar para ti
comer avulso
pagar a prazo
não aguento
morar a meias
amar no sangue
as veias
não aguento
escrever a medo
medrar o tempo
a sombra
olhar para baixo
não aguento
as caixas
as grades
o hoje
o não-amanhã
não aguento
o silêncio
o mercado
a praça vazia
a tua cabeça no lugar
não aguento
e não quero aguentar
que digas
que eu aguento.