Receita de Poema
Junta-se água
até toda a água se queimar.
Depois a mágoa.
Quando o sal da dor solidificar
coloca-se uma melodia de fogo brando
até que uma música de caminho
perca o onde e o quando.
Na última nota junta-se vinho.
Deixam-se apurar as palavras
nas ruas escravas
da cidade.
Lembrar de nunca acompanhar com caridade.
2-8
sexta-feira, agosto 15, 2008
Ao teu lado
a noite cai escura
(apenas o pincel fino dos estores
emerge contornos de imaginação)
sem vozes que a escutem
sem água sem pão.
De cansaço
as palavras fotográficas enevoam
(desejo interrompido)
e um estremido oco
ocupa o lugar da noite
no desejo tão rouco.
Sem sono sem acordar
ao teu lado
agarrando dentro do suor
um hipótese de sede
(mas o oásis do sonho
era toda a rua a cantar).
2-8
a noite cai escura
(apenas o pincel fino dos estores
emerge contornos de imaginação)
sem vozes que a escutem
sem água sem pão.
De cansaço
as palavras fotográficas enevoam
(desejo interrompido)
e um estremido oco
ocupa o lugar da noite
no desejo tão rouco.
Sem sono sem acordar
ao teu lado
agarrando dentro do suor
um hipótese de sede
(mas o oásis do sonho
era toda a rua a cantar).
2-8
quarta-feira, agosto 06, 2008
Não posso identificar
a direcção do vento
que te enleia
continente de colinas
que eu cobriria como água.
Dizem que sopra de lá
onde há meses já estás
e nomeiam-no como poeiras.
Mas o vento
continua a não dizer nada.
Olho o céu
penetro o mar
(é certo que são os mesmos)
e imagino hipóteses de ligação.
Talvez assim o vento
te traga por um instante.
1-8
a direcção do vento
que te enleia
continente de colinas
que eu cobriria como água.
Dizem que sopra de lá
onde há meses já estás
e nomeiam-no como poeiras.
Mas o vento
continua a não dizer nada.
Olho o céu
penetro o mar
(é certo que são os mesmos)
e imagino hipóteses de ligação.
Talvez assim o vento
te traga por um instante.
1-8
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